Antes de ser mãe, eu não fazia ideia de um evento massa e de enorme porte que acontece todos os anos, a Semana Mundial do Brincar. Fiquei encantada quando fui procurar sobre. Já pensou que demais as crianças terem praticamente a sua semana exclusiva de carnaval? O tema desse ano é "O brincar que encanta o tempo", que defende o tempo de ser criança. E de ser livre, que é como deveríamos ser sempre.
O evento, como falado acima, é de grande porte e engaja várias instituições públicas, privadas, educadores, escolas e pessoas que se dedicam ao universo infantil.
Já estamos chegando ao final dessa semana, mas você pode saber mais a respeito dela por aqui.
A Semana Mundial do Brincar me remeteu a um assunto que há muito eu pensava e precisa compartilhar: Por favor, deixem as crianças serem crianças. Reparo que muitos pais começam as cobranças com seus filhos já quando ainda são bebês. Igor falou aqui sobre o "Torneio Mundial de Bebês" em um texto sensacional e mega divertido que aborda algo pouco falado, mas que começa na primeira infância: adultização das crianças.
Criança sendo criança/ foto: Renata Telles
Pais que querem e até fantasiam avanços precoces de seus filhos não percebem que cada criança tem um tempo e isso deve ser extremamente respeitado. Não se dão conta que isso já é uma forma de cobrar, gerar expectativa e, consequentemente, decepção.
"Fulano engatinhou com 5 meses"; "Beltrano? Nossa, com 8 meses tava andando"; "Ele tem dois anos e fala assim pouco? Olha, tem que ver isso"; "Ai, que linda essa roupa! Parece um rapaz"; "Que escândalo esse laço imenso de cetim com strass, uma moça!". Amigos, venho do futuro para informar que não há mérito nenhum em ser adulto. É, tão somente, a ordem natural das coisas. Não há desespero para que seu filho apresente sinais de extrema inteligência, são tantas outras preocupações que, sinceramente, não perca seu tempo com isso.
Acaba que nos projetamos em nossos filhos e, com isso, trazemos uma bagagem pesada de desejos que não se realizaram, metas que não foram cumpridas e frustrações que não cabem aos nossos filhos resolverem. Não dá pra achar saudável ficar buscando traços adultos em um comportamento que deveria ser exclusivamente infantil. Tem que buscar é análise, terapia, reza braba, enfim. Seu filho não tem culpa pelo que não te aconteceu.
Minha paixão à primeira stalkiada na BabyBeh (não é publi, é real, pra quem não sabe, cheguei aqui como cliente), foi justamente porque vi nos macacões tudo que buscava pras roupas da minha filha: roupas infantis para crianças. Pois é, seria redundante se hoje a gente não tivesse que especificar que existem roupas adultas até para bebês.

estilo e conforto: BabyBeh/ foto: Renata Telles
Enquanto ela não tem autonomia para escolher, eu escolho por ela tudo que seja livre de esteriótipos, fórmulas, padrões e gênero. Para brincar, é preciso conforto. Apenas isso. E tudo o que ela precisa agora é brincar.
Que tal se, ao invés de fabricar mini adultos, todo mundo possa entender e não se esquecer que quase nada nessa vida é tão incrível quanto ser criança? Meninos e meninas, por favor, cumpram suas obrigações no mundo: brincar e descobrí-lo às suas maneiras. E que nós sejamos responsáveis tão somente por fiscalizar possíveis machucados, amparar quedas, educar e assistir crescer o maior projeto de nossas vidas: a felicidade de nossos filhos. É só para isso que vivemos e é só isso o que importa.
Por ora, você não precisa se preocupar em criar um mini gênio. Você só precisa se preocupar que seu filho seja o mais feliz do mundo e, olha, eles precisam de muito pouco para isso.