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about.
Era pra ser um movimento contra a maternidade compulsória e a discriminação de casais que simplesmente não almejavam procriar. Começou lá pelos anos 80 nos EUA, mas como sabemos que a tendência do tempo é envelhecer e decair algumas coisas, hoje, o termo Childfree é usado por algumas pessoas que odeiam crianças e querem ter uma nomenclatura pra chamarem de sua.
O movimento cresce e toma proporções assustadoras, muitos estabelecimentos comerciais estão aderindo essa tendência de "aqui, criança não entra". E quanto mais eu leio sobre, menos entendo.
Não tenho rede de apoio, parei de trabalhar fora pra cuidar de minha filha e só posso dividir as obrigações que tenho com ela à noite, bem fora do horário comercial, quando o pai dela chega em casa do trabalho. Essa semana fomos ao banco, eu e ela. E, enquanto esperava ser atendida, comecei a me perguntar se fosse proibida a entrada dela ali, o que eu faria, já que o que fui resolver era importantíssimo para o bem estar nós duas. Para um childfree que quer banir a entrada de crianças em locais "de adulto", certamente o problema é inteiramente meu. Teve filho? Aguenta.
"Os pais não dão limites aos seus filhos e eles nos incomodam", eles dizem. Fico mais uma vez refletindo o quão leviano é esse pensamento. Para saber o tipo de criação de qualquer pessoa, é imprescindível conviver com ela, não julgá-la por um específico evento. É preciso ser mãe ou pai pra poder entender que crianças não são um território mapeado com coordenadas geográficas que não falham. Mas os anticrianças certamente não só não têm filhos como provavelmente não tiveram infância, só pode.
Eu não sei em qual parte exata da história da humanidade nos perdemos a ponto de o ódio virar marca de personalidade ou liberdade de expressão. Odiar crianças virou cool, legalzão e moderninho. No mínimo curioso que algumas dessas pessoas não odeiem nenhum outro tipo de minoria e ainda paguem de engajadonas da inclusão social.
Fato é que essa tendência na verdade imprime o rumo que as pessoas estão tomando: isolamento e egocentrismo. Absolutamente nada pode sair do controle. Ir em um restaurante e ter uma criança chorando? Nossa senhora, é algum tipo de tortura chinesa.
É mãe solo? Aguenta. Teve filho e não tem com quem deixar pra sair um pouco de casa e respirar? Não sai. Quer comer algo diferente? Pede delivery. Precisa resolver obrigações que estão diretamente ligadas à sua saúde, finanças ou qualquer outro ponto pessoal? Se vira, vai que seu filho dê um pití e o mundo inteiro desabe por conta disso? Ninguém mandou ter filhos. Excluir crianças é, principalmente, excluir mães.
Exceto locais que possam oferecer riscos às crianças, do fundo da minha empatia, não consigo entender por que proibí-las de frequentar qualquer lugar que seja. Não consigo entender o que se passa na cabeça de um adulto que vê em uma criança uma terrível ameaça à sua paz. Antes de ser mãe, não tinha muita desenvoltura com os pequenos, mas jamais consegui achá-los um incômodo. Cada um no seu quadrado e ao invés da tão sonhada liberdade, teremos apenas solidão.
No final das contas, acaba que é uma birra de mão dupla, podemos assim chamar. Um adulto birrento que não suporta uma criança que faz birra. Um adulto que já foi criança e certamente ouviu tantos "nãos" e passou por tanta repressão que acredita que crianças que se expressam (leia-se bem: se expressam, nem eu nem você temos cacife o suficiente pra falar da educação de absolutamente ninguém baseado em um episódio específico) são uma terrível ameaça ao seu tão frágil bem estar.
A influenciadora digital Helen Ramos (do canal Helmother, se você não conhece, sério, clica aqui) usou em seu perfil no Instagram uma frase de sua autoria que eu acho que resume bem toda essa polêmica: Empatia é perder alguns privilégios. São tempos sombrios, muita gente não aceita sair sequer um segundo de sua zona de conforto.
Como mãe, posso dizer que reduzi significativamente meus privilégios, minhas saídas por enquanto não existem e meus passeios só vão até onde minha filha pode aguentar. E, olha, sinceramente: sou bem melhor agora.
Vale não esquecer que cuidar das crianças é proteger o seu futuro. Caso excluídas da sociedade, elas têm tudo para se tornarem adultos que excluem pessoas, inclusive os filhos de outras pessoas. Ou quem sabe idosos, começando por você.
Termino esse texto com uma foto da minha filha, Cora, essa terrível ameaça à paz mundial de 4 dentes:
