Quando via algumas amigas reclamarem que criavam seus filhos sem a participação dos pais deles, eu nem entendia bem, já que meus filhos tinham um pai muito presente. Os primeiros banhos, os cuidados com o umbigo, as doencinhas, os banhos de sol, as sopinhas, as vitaminas, eram tarefas assumidas por ele, naturalmente. A não ser que estivesse no trabalho, em casa, ele fazia papel de mãe desmedida.
Duvido que alguém tenha tido um melhor pai que os meus filhos quando bebês. Não recebiam apenas os cuidados já mencionados, ele dava-lhes também muito carinho e atenção. Escutava-os, passeava todo orgulhoso com eles. Primeiramente, levando-os no colo. Depois, amparando-os no aprender a andar. Na praia, os ajudava a fazer castelinhos. Mergulhava com eles nas piscininhas formadas pelo vai-e-vem das marés. Comprava-lhes sorvetes, corria com eles, deitava na cama a rolar de rir com as brincadeiras deles.
Nada disso ele fazia porque eu pedisse. Eram gestos que nasciam do espírito paterno dele. Que não fazia distinção entre tarefas de pai e de mãe. Só não podia dar de mamar, mas acompanhava sempre encantado sessões de mamadas, quando estava por perto. Zelava pelo soninho dos nossos filhos, saía na ponta dos pés quando adormeciam.
Era o médico de cabeceira, o amigo de folguedos, o motorista que ia pegá-los na escola, o papai Noel que nunca falhava. Um pai de verdade para todas as horas, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença. Ficou por um longo tempo em meu lugar, quando precisei me afastar das crianças por motivo profissional. Continuou sendo dedicado assim quando eles entraram na adolescência e na fase adulta, sempre disposto a ser o melhor conselheiro e cúmplice para assuntos de amor e coração. Até quando os dois se casaram, ele continuou sendo um pai maternal.

Agora que vai ser avô, esse pai anda a se derreter de alegria, já disposto a cuidar da neta que está para chegar e de todos os que ainda virão da mesma maneira que cuidou dos filhos. Sei que ele é um homem que sabe ser afetuoso como as mulheres. Certamente por amá-las e por ter sido tão bem amado por elas é que ele tem sabido ser tão amoroso como pai. Se todos os homens se mirassem nele, estou certa que este mundo de pais e filhos seria muito melhor!
Que as novas gerações de mulheres e pais saibam que nem todos os pais abandonaram seus filhos no colo de suas atarefadas, tristonhas e sobrecarregadas mães. Disso sei eu muito bem porque tive o privilégio de ter um pai para meus filhos que sempre soube da delícia de ser pai e mãe!