Ô coisa boa é um chão na vida de um bebê. Embora a gente já acreditasse nisso, nos primeiros dez meses da Penélope ela passou bem menos tempo brincando pelo chão da casa do que gostaríamos. Como os dois trabalhavam loucamente em home office e ao mesmo tempo cuidando dela, a solução muitas vezes foi deixar a Peninha no berço, se entretendo com os primeiros brinquedos ou um hit do Bob Zoom. Assim não tinha perigo de ela sumir da nossa vista e o nosso dia virar uma sequência do filme "Ninguém segura esse bebê".
Quando a Penélope começou a sentar e a ficar em pé se apoiando nas coisas, a gente foi atrás de um daqueles alfabetos (eram números, na verdade) coloridos de E.V.A. que se encaixam como quebra-cabeça e deixamos montado no chão do quarto pra, sempre que desse, ficar um pouco com ela e ir estimulando a locomoção. Acabamos não exercitando tanto quanto o planejado, mas foi melhor que nada.
A revolução veio mesmo quando a gente mudou 100% nossa vida em maio último, quando fechamos a banca no Brasil e viemos morar na Suécia, num apartamento bem menor e com uma dinâmica diária totalmente diferente. Com a Penélope sempre à vista (ou quase sempre) e um chão que a gente consegue manter limpo na maior parte do tempo, deu finalmente pra deixar a peraltinha livre pra se danar pelos quatro cantos da casa. E é impressionante como isso tem ajudado no desenvolvimento motor da Pena.
Com poucos dias neste apartamento, ela, que ainda apenas ensaiava ficar em pé sem se apoiar em nada e enrolava na hora de engatinhar (ela meio que só engatinhava de um lado – a outra perna era arrastada), rapidamente começou a engatinhar bem e muito mais rápido e a ficar de pé sozinha por mais de um ou dois segundos. Depois de vinte dias e na semana em que completou 11 meses, a Penélope começou a andar. E não quis mais saber de engatinhar.

Agora com um ano, da hora em que acorda até a hora em que vai dormir, ela anda pra lá e pra cá, se senta, se levanta, cai, levanta de novo, pega brinquedo de dentro de um cesto, desce da cama e do sofá (estamos trabalhando na parte de subir), derruba planta, revira o lixo – tudo cada vez mais ligeiro e graças a uma das maiores tecnologias a que um bebê pode ter acesso enquanto cresce: um bom chão.