A Queda de Penélope 

A Queda de Penélope 

Ontem a Penélope caiu pela primeira vez. Não a primeira vez de verdade, obviamente. Já rolaram muitas outras quedas nesses treze meses, algumas até um tanto preocupantes na hora, mas desta vez a Peninha caiu de cara no asfalto aqui na entrada do prédio e arranhou o nariz. Foi a primeira vez em que ela caiu e realmente dá pra notar.

Na hora ela não chorou nem nada, mas o arranhão, mesmo pequeno, é um candidato a cicatriz número um no rostinho zero quilômetro da Peninha. Pode ser que semana que vem suma e não deixe rastro nenhum. Mas tem outra coisa também: tirando o dia em que ela fez o teste do pezinho, foi a primeira vez em que vi o sangue da Penélope. Um rastro pequeno, mas de sangue.

Vendo a Penélope de nariz arranhado, os mais conservadores podem perguntar cadê a mãe dessa menina, os mais desconstruídos irão perguntar cadê o pai ou os pais, no plural, e a dolorosa verdade (mais dolorosa pra Penélope, imagino) é que os dois estavam bem do lado dela na hora e simplesmente não foi possível evitar.

Fiquei pensando se não dava pra ter segurado, se me distraí e por isso ela caiu. Passei o dia encucado e um pouco chateado comigo mesmo, até que a Alinne me mostrou ibagens em primeira mão da queda. Ela vinha logo atrás da gente e filmou tudo. A perícia do vídeo revelou que muito dificilmente teria dado pra impedir. Talvez se ela não estivesse andando, e sim no meu braço ou no carrinho. Ou seja, se ela não estivesse fazendo o que chegou a hora de ela fazer.

Acho que daqui pra frente vão ser muito mais quedas, tanto literais quanto metafóricas. Nas brincadeiras, na escola, na vida. E, em vez de me esforçar pra fazer com que ela não caia, vai ser melhor se eu estiver por perto para ajudá-la a se levantar e se preparar para a próxima queda.

 

Por Igormina

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