Eu já tive horror à ideia de ser mãe. Se tinha uma frase que resumia meu pensamento até pouco tempo era a do amargo Brás Cubas, do Machado de Assis: “Não tive filhos. Não transmiti a criatura nenhuma o legado da nossa miséria”. Sim, a coisa era ruim assim.
Essa descrença se misturava ao medo de perder minha identidade (criança chorando, tomando meu tempo e meu sono? Deus me livre! Queria mais é ser livre e independente e viajar!) e de não ser apta pra maternidade. Se eu não sabia cuidar nem de mim direito...
Por isso, hoje rio de mim mesma quando percebo meu olhar de desejo quando um bebê ou criança chega perto de mim. Não sei se é a idade, o relógio biológico, o instinto, os hormônios. Pode ser também o contato com o amor da minha vida, minha sobrinha Isabela. Só sei que tem uma parte minha que não pede, ela GRITA pedindo pra ser mãe. Gente, põe um bebê perto de mim. Eu derreto, fico seriamente seduzida por estes seres. Fico abduzida. Hipnotizada.

Quando vejo um bebê
Outro dia ouvi uma reflexão bacana sobre ser x estar. A gente costuma se ver como uma realidade imutável, o que é pura balela. Já reparou como em geral falamos sobre nós mesmos? “Eu sou isso”, “sou aquilo”. Só que muitas vezes a gente não é essas coisas todas, a gente apenas está - e tem uma grande diferença nisso. Pode parecer bobagem, mas penso que amadurecer tem tudo a ver com essa percepção. Porque se permitir mudar é o primeiro passo pra se permitir crescer, também. A vontade de ser mãe foi uma das coisas que mais me despertou pra aceitação de que mudar é normal. Tudo está sempre em transformação. A gente também, e isso é massa! Eu já odiei a ideia de ser mãe; hoje quero muito. E por que não!?
Sei que ser mulher é muito mais do que isso, e muitas manas não tem a menor vontade e ponto. A Vitoria fala aqui no blog sobre a experiência dela e sobre uma certa “ditadura da felicidade” que rola quando a pessoa engravida. O negócio às vezes é diferente e bem mais complexo, eu sei.
Mas hoje eu quero sim ser mãe. Dá medo? Lógico! Continuo sem saber bem quem eu sou; ainda quero viajar o mundo e, muitas vezes, ainda acho que tá tudo trash além da conta nesse planeta. Só que hoje penso que tudo isso (ou quase tudo ) pode ser divido com a experiência de compartilhar vida e amor através da maternidade. Outro dia escutei numa música: “meu filho é meu coração batendo em outra pessoa”, e é por aí: quero a minha vida pulsando também fora de mim. <3
por enquanto, amor de tia
E você, já teve esse despertar pra paternidade ou maternidade? Como foi ou está sendo? A gente gosta de contar e escutar histórias, então fique à vontade pra compartilhar por aqui!