Chupeta: dar ou não dar, eis a questão

Chupeta: dar ou não dar, eis a questão

Antes de ser mãe, dizia pra quem quisesse ouvir que não daria chupeta pra minha filha. Não é necessário, é bico artificial, atrapalha a amamentação, acaba com os dentes. Não, eu seria uma mãe mais forte e melhor do que todas as outras. Não tinha chupeta no enxoval. Não comprei nada relacionado e deixei guardado no fundo da cômoda um paninho próprio pra ser pendurado na dita cuja que ganhei de uma tia.

Penélope nasceu e, mesmo boazinha, virou nossa vida de cabeça pra baixo. Desde o dia do parto (esta semana ela faz 1 ano, dia 20!), eu percebi que eu não escolheria nada nessa relação.Esperava uma leonina, veio uma canceriana. Queria normal, rolou cesárea. A cada dia uma nova desconstrução. No hospital, me disseram pra colocar luvinhas, porque ela poderia chupar as mãos até machucar, e assim eu fiz.

Nunca gostei dessas luvinhas. Nossa pediatra, na primeira consulta, a de 10 dias, disse que poderia cortar as unhas sem problemas e deixar as mãos livres. Com uns três meses, a pequena descobriu oficialmente as mãos, os dedos e, olha que legal, que era possível chupar o polegar. Dormimos uma noite inteira pela primeira vez.

Em vez de chorar pra mamar de madrugada, ela botou o dedinho na boca sozinha e se satisfez, se acalmou, voltou a dormir. Que independente! A família começou a falar. "Dê a chupeta, é mais fácil de tirar depois", "Um biquinho é tão bom pra ela, só pra consolar", "Vai ficar igual à sua prima, com os dedões compridos, finos e feios", "Vai chupar o dedo até os 15 anos, ô coisa feia".

Tentei ir ensinando e tirando o dedinho da boca. Mas era instintivo, natural, e eu cheguei a dizer a mim mesma que, sim, era oficial, Penélope chupava o dedo. Eis que um dia aconteceu exatamente o que aquela enfermeira da maternidade disse: ela acordou com o dedo machucado. Feridinha na mão, carne viva. Se estava machucando, precisava parar. Comprei a "mardita".

Escolhi um modelo da Avent esperando que ela não pegasse. Demorou, mas com a insistência, principalmente das avós, ela tomou gosto e esqueceu o dedo. Preciso dividir aqui algo com você, mãe que não sabe se dá chupeta ou não: a gente conseguiu controlar melhor o humor da Penélope com a chupeta, evitando choros exagerados em lugares públicos, acalmando-a para fazê-la dormir mesmo sem ela estar com tanto sono (porque a gente precisa trabalhar, arrumar a casa, cozinhar, enfim, viver), mas foi a partir desse terceiro mês que ela ficou com o crescimento em tamanho e peso abaixo da linha normal.

Todo mês, a pediatra preenche os dados numa tabelinha e vai montando um gráfico de desenvolvimento. Ela cresceu dentro do esperado até então, depois da chupeta, que ela pegava para enganar a fome e a fazia pular a mamada da madrugada, esse crescimento caiu. Foi também nesse período que eu voltei a trabalhar fora de casa, e o leite artificial precisou fazer parte da nossa rotina, inicialmente uma ou duas vezes por semana, mas gradativamente encontrando um lugar na vida doida dos pais empreendedores e completamente sem tempo.

Depois de me culpar muito, passei a culpar a chupeta. A pediatra culpa a fórmula, mas também diz com muita certeza que bebês são pessoas, e as pessoas vêm em tamanhos diferentes. Ela é baixinha, mignonzinha, mas minhas tias dizem que eu era exatamente como ela quando pequena. Que eu, com 3 anos, tinha peso de 1 ano, e os pediatras ficavam todos loucos. E olha como eu fiquei... hehehe!

Bom, voltando à chupeta, uns meses atrás eu vi um médico falando sobre hábitos. Que era bom tentar desconstruir logo os hábitos do tipo "só se": só come se assistir TV, só dorme se estiver de chupeta. Penélope não dorme só de chupeta. Muitas vezes ela dorme sem e, sempre que pega no sono de verdade, ela solta.

Minha mãe veio dizer outro dia que bebês só devem chupar chupeta até os 9 meses, que depois disso ou eles querem o bico porque estão com fome ou tristes. Ela parecia muito preocupada, mas, ei, é por isso mesmo que hoje a filhota escolhe colocar a chupeta na boca. Fome, frustração, sono, insatisfação por qualquer coisa. Quando ela coloca por colocar, a gente tira, guarda, e ela nem liga.

Só quero ver como vai ser quando for a hora de tirar. Uma amiga disse que se sentiu uma péssima mãe quando deu a chupeta e se sentiu uma pior ainda quando tirou. E outra disse toda a verdade que eu acredito estar por trás da polêmica chupeta: mais do que ser um consolo para os bebês, é um consolo para os pais. E, por mais que me preocupe e queira o melhor pra minha filha, não, eu ainda não estou pronta pra deixar a chupeta ir. Ser mãe já implica em dificuldade, cansaço, renúncia. Ter uma ajudinha dessa tecnologia de silicone, de vez em quando, é o único luxo que tenho me dado. Me deixa!

Por Alinne Rodrigues

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