Você trabalha ou é só mãe?

Você trabalha ou é só mãe?

Junto a notícia de uma gravidez indesejada, veio a descoberta de um descolamento ovular, que me obrigaria a parar tudo o que fazia da vida, literalmente do dia pra noite. Isso incluía desde subir uma escada à trabalhar. Imagine chegar para sua chefia do nada e dizer: “olha, tô grávida, mas posso perder o bebê a qualquer momento e a partir de amanhã não venho mais. Por quanto tempo? É… Não sei”. Foi foda muito difícil. Acho que mais difícil pra mim do que pra minha ex chefe. 

Se eu não queria uma gestação naquele momento, estar presa àquelas amarras imaginárias na minha cama era torturador.

Mas, se você está passando por algo parecido, fique calma, irmã, vai passar. Em alguma hora vai ficar tudo lindo. 

Você que engravidou tendo uma rotina ativa de trabalho e foi aceita em seu ambiente profissional, massa, mas, felizmente pra você e infelizmente para o resto das mulheres, você é uma exceção. Em terra de presidenciável que diz que mulher tem que ganhar menos porque engravida, quem tem patrão compreensivo ganhou na loteria.

Começa já na gravidez a sua luta mãe x mercado de trabalho.

Depois que nasce o seu bebê, você tem quatro ou seis meses de licença maternidade para amamentar e cuidar do seu filho que, segundo a OMS, deve consumir exclusivamente leite materno até os seis meses de idade.

Se você faz parte do grupo que só tem quatro meses de abono, te restam duas escolhas para continuar a amamentação exclusiva: extrair seu leite bravamente em seu horário de trabalho, em casa, na rua, dormindo, no banheiro, all the time e armazenar quantidade suficiente para continuar alimentando seu filho (ei, você que fez ou faz isso, corre agora pra se olhar no espelho e diz assim: “você é incrível, mulher”. Toma aqui todo meu respeito).


A segunda opção é deixar de trabalhar e ficar em casa com a cria. Foi o meu caso e assim é até quando der pra ser.

Se você precisou trabalhar tendo uma criança seja ela da idade que for, certamente foi julgada de negligente ou insensível por gente que nem sabe metade da sua luta. Se você optou por ficar em casa além da licença, deve ouvir sempre: “Mas você é só mãe, né? Não trabalha…”

 

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E as mulheres que engravidam desempregadas e são absolutamente excluídas do mercado de trabalho durante e depois da gestação? Na entrevista de emprego, sempre vão te perguntar se você tem filhos. E quando sua resposta for positiva, digamos que: lascou. Vambora lutar pra que nossas filhas não sofram mais disso. E você que é empregador, sério, vem cá: faz isso não. Você é literalmente filho de uma mãe.

 

Em resumo, cara amiga: faz o que teu coração mandar. Esquece toda essa falta de empatia e continua sendo a melhor pessoa do mundo pro seu filho, eu confio em você. Tamo juntona, tá? Palavra de mãe.

Desde que minha filha nasceu, trabalho todos os dias (e com gosto) no feriado.

Por Vitoria de Melo Bispo

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