Princesa... Será?

Princesa... Será?

Isabela, minha sobrinha de 5 anos, como 90% das meninas da sua idade, é fã de Frozen. Isabela é um dos meus seres humanos favoritos, por isso, quando a febre começou, eu tinha que entender o que era esse negócio de Frozen. Anna, Elsa, Olaf... Caso contrário, como eu ia conseguir conversar com ela?

Fui lá, de nariz torcido, assistir ao filme. Na época eu estava me separando e a coisa em que eu menos acreditava na galáxia era em conto de fadas. “Ai, lá vai... princesa, príncipe encantado...SEI!”. Mas eis que, pela primeira vez, um filme de princesas me surpreende. O príncipe encantado era um canalha (alô, vida real!) e o ato de amor verdadeiro que salva a princesa vem de... outra princesa, sua irmã. ❤ Não deu outra: virei fã de Frozen e a “Livre estou” se tornou hit nas minhas paradas de sucesso durante o divórcio. Confesso: eu ouvia no repeat imitando a Elsa.


O fato é que Elsa e Anna são dessas novas princesas, que começam a mudar paradigmas – ainda que lentamente. Nada mais natural. O mundo está mudando e algumas "verdades" começam a ser colocadas em xeque . Por exemplo: toda menina quer ser princesa. E por princesa leia-se: doce, frágil, limitada e que espera (de preferência dormindo ou em casa) por uma figura masculina para ser salva/feliz.

Será? Será que a gente nasce com um gene P de Princesa, ou será que a gente é ensinada que isso é o bom/certo? Tia Simone dá a dica: “Não se nasce mulher, torna-se mulher”. Os estereótipos de gênero – aquilo que é esperado de homens e mulheres - são construídos antes e independente da gente. E são massacrantes, pros dois lados.

Por isso, pouca coisa é tão legal quanto as oficinas de desprincesamento. São iniciativas incríveis de mostrar a garotinhas que não, elas não precisam ser princesas. Não precisam de príncipe para serem completas e felizes. E que não, ser mulher não é ser frágil e dependente.

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"frágil, eu?"Nessas oficinas, as meninas aprendem noções de empoderamento, autonomia, autodefesa. São concepções femininas de horizontes mais largos, não limitadoras.

Ah! E qual o problema de sonhar em ser princesa e com um príncipe encantado?” Err...fora o fato de que ele não existe? Bom, os mitos do amor romântico e do príncipe encantado reforçam a ideia de que não somos autossuficientes. E aí se torna muito fácil, nas relações reais (que são imperfeitas) ficar presa em situações de inferioridade (e nos piores casos, de violência) porque você cresceu acreditando que esse era o seu papel: insuficiente, dócil e passiva. E que o sapo vai virar príncipe.

"Sapo que vira príncipe... ah-ham, sei!" “Ai, mas estão tirando o direito das meninas fantasiarem, sonharem com contos de fada!”. Não! Elas continuam podendo fantasiar! Pode ser princesa, se quiser, ué. Mas pode ser Anna, além de Bela Adormecida. Pode ser Moana em vez de Cinderela. E pode também ser cientista, astronauta, engenheira, bailarina, artista, lutadora, filósofa, empresária, presidente. A fantasia pode ir ao infinito e além! Termino com as palavras da Vitoria, em outro texto aqui do blog: “Não precisa ser princesa. Precisa ter coragem para ser o que quiser. É um pouco mais complicado, mas bem mais libertador, garanto”. Que tal começarmos juntos a ensinar isso às pequenas - e aos pequenos também?


Por Luciana Soares

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