Estamos de mudança esta semana. Não só de casa, mas de país, o que exige muita documentação, altos gastos e meses de espera e planejamento. Mas, mesmo se a gente fosse se mudar pra outra esquina, não daria pra fugir da pior parte: a de desmontar todas as coisas que levamos tanto tempo para pôr no lugar e encaixotar tudo.
De 2010 pra cá, a gente se mudou uma meia dúzia de vezes, e, nos últimos dias antes de deixar a casa, a gente está sempre soterrado por caixas cheia de fragmentos da nossa vida e muitas indecisões sobre o que fazer com o que não vai dar pra levar. Pra quem é apegado até a pedaços de papel, como pôsteres, adesivos e cartões de visita descolados que a gente foi acumulando por aí, é sempre um momento difícil. Mesmo assim, a gente dava um jeito de enfiar o máximo que conseguia no fundo de uma caixa e ir armazenando essas coisas pra sabe-se lá quando.
Só que, com um bebê, tudo muda. É a primeira vez que a nossa mudança inclui uma Penélope na paisagem, e ela não é só mais um elemento no meio do caos. É a principal razão pra tudo acontecer e pra todas as decisões que a gente passou a tomar. Por isso, acho que em nenhuma das outras mudanças que fizemos vendemos, doamos ou mandamos pro lixo tanta coisa quanto agora.
O hábito de acumular não é algo que sai tão fácil, então muito tem sido descartado de última hora, meio a contragosto. Mas olho pra Pena no berço, sem entender direito o porquê de tanta caixa pela casa toda e de tanta correria, e jogo mais um item no lixo, ofereço algo a alguém ou faço mais um anúncio de venda.
Por mais que a gente continue apegado a tantas preciosidades sem valor, o estado mental agora precisa ser outro e é. Agora somos três e precisamos pensar em conforto, em espaço. Isso não significa um lugar maior (pelo menos agora). Significa um lugar com muito espaço pra ir preenchendo com novas vivências daqui pra frente. Menos é menos. E é melhor assim.