Eu venho de uma família que não gosta de coisas de segunda mão – tudo se compra novo, depois tudo se conserta e tudo se usa até acabar. Mas eu sou apegada, até meio acumuladora, e, não sei como nem quando começou, mas tenho em mim a paixão pelo vintage, pela herança, pela história dos objetos, a que eles têm antes de chegarem às minhas mãos e a que começamos a escrever quando nos encontramos.
Confesso que só comecei a fazer parte dessa cadeia depois que engravidei. Ganhei roupinhas, ofurô e meinhas da minha amiga Raquel. Uma outra amiga me convidou para um grupo de brechó de mães no Facebook. Pronto, iniciava-se um novo capítulo na minha vida. Ao enxoval que estava montando comprando nas lojas e ganhando dos parentes, adicionei peças de segunda mão em bom estado. E foi tão bom ver essa energia circulando!
Tão logo Penélope foi crescendo, continuei com a corrente da energia e fui distribuindo as heranças dela. Preferi não vender, mas presentear. Bodies RN para um amigo que estava para ser pai, camisetinhas para uma prima distante, roupas de cama que comprei em excesso para a amiga que estava para ter bebê, peças do dia a dia que foram pra quem eu nem conhecia, mas que estava precisando, pequenos kits de amor e memórias prontos para fazerem felizes outras famílias. A gente não precisava mais, missão cumprida.
As heranças que mais tive alegria de entregar foram para minha sobrinha, Marina. 10 meses mais nova que a prima, herdou berço, cômoda, cortinado, dossel, vestidinho de festa, pijaminhas fofos, meinhas, macacõezinhos da BabyBeh. Deixei até as roupinhas que ganhei da minha amiga Raquel, que foram da filhinha dela, Elis, passaram pra Penélope e hoje são de Marina. Sempre que a vejo com uma peça, me dá uma alegria tão grande! E sei que, sempre que ela veste, sente que a gente está perto.
A loirinha Syv, de quem Penélope herdou roupas e brinquedos
É legal também perceber que quanto mais você dá sem esperar, mais recebe em troca. Depois de fazer esse desapego no Brasil, chegamos à Suécia e ganhamos sacolas cheias de heranças de um novo amigo. David tem duas filhas, uma mais velha e outra da idade da Peninha, e fez questão de separar roupas quentinhas e brinquedos que não precisavam mais para nos presentear. Fomos à casa dele jantar e saímos com duas sacolas cheias! A filhota amou os bichinhos de pelúcia e os instrumentos musicais. Nos encontramos de novo neste fim de semana, e a mulher dele ficou superfeliz de ver a Penélope com um cachorrinho que foi da filha deles. "I'm glad she likes it", ela disse.

O vestidinho jeans do aniversário de 1 ano foi herança também
Este texto simples, mas cheio de carinho, é só um recado pras mães e pros pais: façam a energia circular. Comprem novo, comprem usado, doem o que não precisarem mais. Ter um bebê que cresce rápido é ter oportunidades periódicas pra praticar o desapego e fazer um monte de gente feliz.